sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

laços colarinhos e gravatas



LAÇOS COLARINHOS E GRAVATAS

Segundo as estatísticas, há uns 600 milhões de homens
em todo mundo que usam gravata. Quase se poderia
dizer que continuam aquartelados nos seus uniformes
masculinos, formatados, engravatados, os colarinhos
sufocando-os...
“…é um processo freudiano
para a autopunição…” dizia uma canção brasileira.
Os homens crescem em guerras, condecoram-se uns aos
outros e salvam-se uns aos outros. Isso faz deles mais
cúmplices, mais camaradas, mais solidários. Usam ainda
uniformes, de militares, de trabalho, de protocolo.
E nós, as mulheres? Não teremos nós ao longo dos anos
e da história ajudado a construir este terrível mundo
viril?
Como nos situamos, nós mulheres do mundo ocidental
contemporâneo, face às imensas “roupagens” da nossa
sociedade ocidentalizada? Quanto e como será que isto
nos marca? Quando deixaremos de ser devassadas,
humilhadas, tornadas “barbies”, enfeitadas e sem
reacção? Quando nos habituaremos a largar o lustro
chique e trocá-lo pela simplicidade e pela descontracção?
Quando seremos nós igualmente solidárias
umas com as outras?
Na minha pintura mostro rostos masculinos e femininos
que fazem parte de um quotidiano de todos nós. Cada
um deles podia ser qualquer uma das pessoas que
conhecemos.
O importante é ler-lhes a fronte para melhor entendermos
os mistérios das suas vidas e, através das referências
simbólicas dos colarinhos, gravatas e demais
parafernália com que nos enfeitamos diariamente e que
se misturam com elas, sermos capazes de repensar a
existência de todos nós, na fragilidade do que somos e
temos construído.

Olga Barbosa
FeministizARTE - Liv 100ª Página - Setembro de 2011 - Braga

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