quinta-feira, 2 de julho de 2020






" Tea on the grass"
óleo s/ tela
2017



“Tea on  the  grass” – óleo s/ tela 2017

Este  trabalho insere-se na série que tenho vindo a tratar sobre a mulher, em técnica de óleo sobre tela em tamanho de retrato.
O uso do branco foi o que mais me entusiasmou em termos técnicos, técnica tratada por muitos pintores, onde as tonalidades de branco são o grande desafio. 
As cores próximas são absorvidas e conferem-lhe outros tons, outras nuances de cor. As sombras são por isso muito mais desafiadoras e a tridimensionalidade em branco é muito difícil de representar e acertar.
Em termos plásticos, o roupão "branco" confere ao quadro a dimensão necessária para que se entenda a mensagem que se pretende passar.  
O bule, contendo o chá, é acariciado pela mão da mulher e mais uma vez o objecto que sobressai e lhe confere mais visão tridimensional. 
As porcelanas fazem parte intrínseca de um quotidiano de casa, de intimidade compartilhada.
O facto de ter optado por uma mulher de cor clara e cabelo loiro tem igualmente relação com o trabalho que venho realizando sobre a mulher ocidental, que melhor conheço e pretendo representar nesta fase.
Este rosto está escondido de propósito, uma timidez e um recato de mulher menos exposta.
O cabelo tem um especial tratamento como se fosse secando ao sol, depois de um banho que se adivinha anterior, e se fosse acariciando da mesma forma que com a outra mão se acaricia o bule do chá. 
As mulheres gostam de se acariciar, faz parte da sua natureza sensível.
A importância dada às mãos tem um propósito muito especial, pois com elas tudo se faz e se desfaz, tudo se acaricia e maltrata. Há todo um movimento corporal desenhado através dos gestos das mãos.
As mãos, outro dos grandes desafios na pintura de retrato, de figura humana, que eu assumi aqui igualmente como um desafio para mim.


Concluindo
Com esta tela pretendo dar seguimento ao que venho fazendo no meu trabalho em prol da figura feminina, como “corpo-tralha” que submerge nas sombrias zonas da memória.
Evidenciando o silêncio e o vazio de todos os nossos sem saberes, esta tela pode ser o lençol do nosso desespero, a franja das nossas velas, do tecido das nossas velas.

A cultura feminina está repleta de símbolos e metáforas que são intrinsecamente femininos quer na sua representação quer no significado cultural que pretendem transmitir.

Será que, como dizia Laura Cottingham,“Sexism distorted all aspects of art” ?


Olga Barbosa




"Gracias, Sorolla!"

I,II,III



III
Óleo s/ tela
2017


II
Óleo s/ tela 
2016


I
óleo s/ tela
2016


" Michael no banho"
óleo s/ tela
2019


" Mané"
Carvão s/ papel
2016


" Sara"
Estudo para rosto
óleo s/ tela
2017


"Sara"
Esperando a Teresinha
óleo s/ tela
2017


"Jaime"
óleo s/ tela 
2017


"Pico"
óleo s/ tela 
2017


" Julieta"
óleo s/ tela
2017


RETRATOS
Crianças felizes brincando na água


" Gonçalo"
óleo s/ tela
2016


"Gui"
óleo s/ tela
2016


" Jorginho"
óleo s/ tela
2017

RETRATOS
Crianças felizes brincando na água




MULHERES ARTISTAS

 “A  similar  habit  of  mind  at  work”
“Artists  fasten  together  the  loose  parts  of  the  world”

Sendo eu mulher artista, creio ser importante expressar o que existe para lá do frame, da moldura, de tudo aquilo que está fora da moldura patriarcal da representação da história das vidas das mulheres.

É muito curioso comparar a cartografia das culturas presentes na concepção de muitos trabalhos de mulheres, mesmo que separadas geograficamente ou temporalmente, desafiando instituições muito fechadas ou mais abertas.

A arte feminina é algo que acontece simultaneamente em diferentes movimentos artísticos e discursos à sua volta.

O lógico do “woman’s role” é único nas mulheres, mesmo sendo de culturas muito díspares e vivendo contextos culturais separados no tempo e no espaço, nas antípodas mesmo, equacionam os mesmos temas, levantam as mesmas questões.

Desde os círculos radiantes da pintora aborígene australiana Emily Kame até às instalações potencialmente políticas de Renée Green ou aos trabalhos de Ana Mendieta, artista Cubana que usa o seu próprio corpo como plataforma para a criação artística, ou mesmo as esculturas exuberantes de Louise Burgeois, explorando a tensão e mutabilidade entre os corpos feminino e masculino, ou os vídeos da Pipilotti Rist, e tantas, tantas outras, todas denunciam a violência de que padece o corpo feminino.

Os trabalhos de Georgia O’Keeffe, “1930 The History before us”, têm um papel determinante para a compreensão da arte das mulheres - a flor como símbolo sexual.

Foi preciso chegar aos anos 70 para que se desse o "acordar". 

A mulher tomou então consciência da forma misógina, desvalorizada, de como era tratada.

A “Bela Adormecida” had been “sleeping for a long period of time!”

Nos anos 70 e 80 do século passado, a teoria psicanalítica torna-se uma espécie de “língua franca” na cultura artística feminina que se pretende afirmar.

A consciência do trauma coletivo feminino do mundo ocidentalizado, mostra-nos uma “art as a political response useful to the experience of awakening”.

Em 1968 já tinha havido um protesto no Miss America Contest.
Esta continua a ser redefinida nos anos 90 quando uma nova fase emerge e homens e mulheres nas suas específicas expressões artísticas começam a ser vistos como duas formas de género entre outras possibilidades.

“Women artists are trying to survive their own history” .

Parafraseando Louise Bourgeois, pretendo usar a arte para "record and advance that survival", “registar essa sobrevivência” na história da vida das mulheres, da sua cultura, do intrínseco sentir feminino em cartografias variadas.




" A mão, a mulher e o leão" 
I

Tríptico s/ a violência doméstica
Óleo s/ tela
2016




II
2017




III
2016


Como navegar nas aras dos nossos corpos, das nossas casas?
Como povoar a nossa solidão?
Como partilhar a palavra, aquela que os deuses, como fogo e água, nos ofereceram sem débito e sem crédito?
Aquela que só os poetas, os que das cores e das linhas, também fazem “as rugas de uma divindade jovem”?



" BLU"
Óleo s/ tela
2016

“BLU”

Outras Informações: Este trabalho insere-se no conjunto que venho trabalhando em pintura, retrato através de fotografia e ao natural, sobre a mulher. Mulher-objecto, mulher-mãe, mulher-corpo, mulher-fluido, mulher-mar.


Descrição da Obra: 
Este trabalho insere-se no tema que tenho vindo a tratar sobre a mulher em técnica de óleo sobre tela em tamanho de retrato.
 
O óleo é absolutamente único na forma de pintar. As minúsculas partículas da tinta vão sendo unidas aos poucos entre si através do óleo que se lhe acrescenta e de dia para dia a obra vai-se miscigenando, deixando-se secar ou não este ou aquele detalhe, até que toda a tinta que se pretende que ganhe volume, lhe confira tridimensionalidade no suporte bidimensional.
A paciência que se exige a quem pinta com óleo é fundamental para o resultado final.
O modelo que se pretende imitar, através de uma selecção feita com cuidado e atenção aos detalhes é igualmente desafiador.
Na dificuldade de encontrar modelos que pacientemente posem para eu fazer o retrato, utilizo a fotografia. Claro que não é a mesma coisa e a técnica de retrato ao natural confere uma outra vida ao trabalho final, pelo simples facto de que a modelo tem múltiplas expressões que no seu conjunto nos vão dar o retrato em si mesmo. Mas ao fazer retrato ao natural não consigo que a/o modelo me permita a utilização do seu retrato para posteriores concursos, o que é uma limitação.

Com "BLU" pretendo exprimir todo o silêncio a que a mulher foi votada ao longo dos anos, simbolicamente com a representação do objecto que ela segura, objecto chinês da dinastia Ming, também simbólico pela forma escrava como eram tratadas as mulheres na antiga China imperial.
 
O facto de ter o objecto/ jarro ao nível do seu ventre confere-lhe igualmente mais um carácter simbólico do seu papel de mulher-mãe; estar vestida com uma camisola de tricot manual leva-nos mais uma vez para o universo dos lavores a que eram votadas as mulheres; apresentar-se de frente para quem a observa, confere honestidade na linguagem do olhar.
Mais uma vez os papéis "roles" que são pedidos à mulheres conferem-lhe uma multiplicidade de identidades que podem ser confundidas, pois muitas vezes é ela que faz o trabalho mais pesado na casa, para além de ser mãe e ter de cuidar dos seus filhos.
“Women artists are trying to survive their own history”
Parafraseando Louise Bourgeois, pretendo usar a arte para "record and advance that survival", “registar essa sobrevivência” na história da vida das mulheres, da sua cultura, do intrínseco sentir feminino em cartografias variadas.
 





" Indecisão"
Díptico
Óleo s/ tela
2017



"Maturidade"
Díptico
Óleo s/ tela
2016



"Afirmação" 
díptico
Óleo s/ tela
2016



"Inocência"
Díptico
Óleo s/ tela
2016