BATENTES
Antes das campainhas elétricas
Cujo som é sempre o mesmo
Seja amigo ou inimigo aquele que
pressiona o botão
Havia nas portas das casas
Um batente
Pela forma de bater
Já se podia adivinhar de dentro
Quem era àquela hora
Assim
Os inibidos batiam de tal forma
Que raramente se ouvia
E também havia os surdos
Que de dentro
Nunca queriam ouvir
Há batentes gastos
Repetidas vezes usados
Pela manhã
Os vendedores
Os cobradores
Os indesejáveis
À tarde, quem sabe?
Alguém conhecido
Um familiar, um amigo
À noite
Ai de quem ousasse!
Desejo de ver um rosto amigo
Uma porta que se abre
A privacidade compartilhada
Mas há também
Os batentes pouco usados
Pendurados em portas que nunca se
abrem
Dos ausentes
Dos que permanecem no silêncio
Olga Barbosa
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