quinta-feira, 2 de julho de 2020



" BLU"
Óleo s/ tela
2016

“BLU”

Outras Informações: Este trabalho insere-se no conjunto que venho trabalhando em pintura, retrato através de fotografia e ao natural, sobre a mulher. Mulher-objecto, mulher-mãe, mulher-corpo, mulher-fluido, mulher-mar.


Descrição da Obra: 
Este trabalho insere-se no tema que tenho vindo a tratar sobre a mulher em técnica de óleo sobre tela em tamanho de retrato.
 
O óleo é absolutamente único na forma de pintar. As minúsculas partículas da tinta vão sendo unidas aos poucos entre si através do óleo que se lhe acrescenta e de dia para dia a obra vai-se miscigenando, deixando-se secar ou não este ou aquele detalhe, até que toda a tinta que se pretende que ganhe volume, lhe confira tridimensionalidade no suporte bidimensional.
A paciência que se exige a quem pinta com óleo é fundamental para o resultado final.
O modelo que se pretende imitar, através de uma selecção feita com cuidado e atenção aos detalhes é igualmente desafiador.
Na dificuldade de encontrar modelos que pacientemente posem para eu fazer o retrato, utilizo a fotografia. Claro que não é a mesma coisa e a técnica de retrato ao natural confere uma outra vida ao trabalho final, pelo simples facto de que a modelo tem múltiplas expressões que no seu conjunto nos vão dar o retrato em si mesmo. Mas ao fazer retrato ao natural não consigo que a/o modelo me permita a utilização do seu retrato para posteriores concursos, o que é uma limitação.

Com "BLU" pretendo exprimir todo o silêncio a que a mulher foi votada ao longo dos anos, simbolicamente com a representação do objecto que ela segura, objecto chinês da dinastia Ming, também simbólico pela forma escrava como eram tratadas as mulheres na antiga China imperial.
 
O facto de ter o objecto/ jarro ao nível do seu ventre confere-lhe igualmente mais um carácter simbólico do seu papel de mulher-mãe; estar vestida com uma camisola de tricot manual leva-nos mais uma vez para o universo dos lavores a que eram votadas as mulheres; apresentar-se de frente para quem a observa, confere honestidade na linguagem do olhar.
Mais uma vez os papéis "roles" que são pedidos à mulheres conferem-lhe uma multiplicidade de identidades que podem ser confundidas, pois muitas vezes é ela que faz o trabalho mais pesado na casa, para além de ser mãe e ter de cuidar dos seus filhos.
“Women artists are trying to survive their own history”
Parafraseando Louise Bourgeois, pretendo usar a arte para "record and advance that survival", “registar essa sobrevivência” na história da vida das mulheres, da sua cultura, do intrínseco sentir feminino em cartografias variadas.
 



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